Victor de Almeida Moreira expõe metodologia de (Auto)liderança Antifrágil e melhora de relações comerciais

Foi em um momento sensível fora do trabalho que o gestor de projetos Victor de Almeida Moreira buscou inspiração na área profissional para ter sucesso no maior compromisso que poderia assumir: a própria vida! A metodologia desenvolvida pelo especialista, que liderou equipes em empresas como Vale, Deloitte e Anglo American, está no livro (Auto)liderança antifrágil, publicado pela Editora Gente.

O conceito que dá nome ao livro é proposto por Victor como uma solução para os problemas consequentes de um mundo cada vez mais volátil e instável. Falta de foco, paralisia diante da pressão, acúmulo de tarefas e estagnação são alguns exemplos de obstáculos que podem ser driblados com a metodologia 5 As: autoconsciência, autorreflexão, autorresponsabilidade, autoignição e autorregulação.

Um dos cenários mais comuns do contemporâneo é quase um paradoxo: sabemos o que queremos e os resultados que desejamos em nossas vidas pessoal e profissional, mas ao mesmo tempo lidamos constantemente com a dor de não conhecer formas de organizar o nosso caminho e estruturar a nossa jornada para atingir esses objetivos. Diante disso, problemas surgem constantemente, oriundos de um mundo cada vez mais volátil e instável e, de repente, nos damos conta de que estamos estagnados em nossas vidas: acumulamos obstáculos que deixam as nossas vidas complexas e, ao olharmos adiante, somos tomados pela ansiedade – e não fazemos ideia de como começar a contornar e superar essas limitações. O autor Victor de Almeida Moreira propõe, então, a autoliderança antifrágil como solução: método em cinco pilares – autoconsciência, autorreflexão, autorresponsabilidade, autoignição e autorregulação – que capacitará o leitor a retomar a rota de seus sonhos por meio de uma reestruturação e de métodos de gerenciamento, munindo-o de ferramentas para avançar em suas conquistas. Confira a entrevista!

Com experiência em liderança por companhias de renome, durante a pandemia você acabou conseguindo desenvolver uma nova metodologia e acabou publicando um livro sobre ela. Primeiramente, gostaria de saber um pouco mais sobre como esse projeto começou e por que a decisão de expor o projeto através do canal literário?

Nessas experiências por grandes companhias, como você citou, eu me desenvolvi e me especializei em gerenciamento de projetos, porque grandes projetos são implementados em ambientes de grande incerteza, não permitindo falhar nos resultados. É preciso conhecer as ferramentas certas, as metodologias internacionalmente reconhecidas, para poder fazer tudo isso funcionar. Aprendi, portanto, como fazer grandes projetos darem certo. Foi então que pensei: ‘se eu descobri como levar qualquer projeto ao sucesso, por que não desenvolver uma metodologia que leve ao sucesso o maior projeto de todos: a minha vida?’

Para mim, livros são a matéria-prima mais valiosa do conhecimento da humanidade, pois, por meio deles, podemos obter anos de conhecimento em horas de leitura, e essa é a razão da minha escolha pelo canal literário. Baseado nas melhores práticas de gerenciamento de projetos e na minha experiência em liderança, desenvolvi a metodologia da (Auto)liderança Antifrágil: um conjunto de habilidades e ferramentas que ajudam uma pessoa a reconstruir-se, reorganizar-se e reposicionar-se em busca de crescimento constante, alcançando o sucesso no maior projeto de todos: a sua própria vida!

De acordo com a descrição do seu trabalho, é afirmado que essa metodologia talvez tenha sido o maior compromisso que poderia assumir na área profissional. O que esse projeto significou para você profissionalmente e porque ele se torna diferente de outros métodos? Muitas pessoas têm dificuldades de se autoliderar?

Esse projeto foi um divisor de águas em minha vida, porque sempre vi pessoas se tornarem especialistas em identificar problemas para criticar a ‘sociedade’, a ‘equipe’, a ‘empresa’, a ‘família’. Repare nas palavras citadas anteriormente. Todas se referem a um coletivo. Essa crítica a um todo indefinido acaba levando as pessoas a tomarem uma postura de transferirem o problema ao outro. Como a máxima do filósofo francês La Rochefoucauld: ‘cada um de nós descobre nos outros as mesmas falhas que os outros descobrem em nós’.

Ao me dar conta disso, comecei a notar com mais clareza como cada um de nós se sente muito acima da ‘coletividade’. Individualmente, não nos reconhecemos nas deficiências que vemos no mundo, embora todos nós juntos sejamos exatamente o resultado do mundo!

Senti, então, a necessidade de dar ênfase à responsabilidade individual para consertar o coletivo.  Afinal, não se conserta um sistema senão consertando as partes que o compõem. E foi por meio do desenvolvimento dessa metodologia que eu consegui juntar a responsabilidade individual ao resultado coletivo. É exatamente neste ponto que o método se difere de qualquer outro. A Autoliderança Antifrágil ensina que não há outro ponto de partida para consertar e transformar o mundo ao nosso redor senão mudando a nós mesmos. Algo que Mahatma Gandhi resumiu magistralmente em seu famoso lema: ‘seja a mudança que você quer ver no mundo’. E a Autoliderança Antifrágil fornece as ferramentas para o ‘como fazer’.

Um artigo do ‘Valor Econômico’, postado Alessandra Saraiva em novembro de 2020, a maioria das empresas no Brasil não ultrapassam os 10 anos e acabam que de uma em cada cinco delas enceram suas atividades em um ano. No seu livro, você propõe uma solução justamente para resolver problemas de instabilidade, como falta de foco, paralisia diante da pressão, acúmulo de tarefas, entre outros. Nessa questão, qual seria o maior motivo para o empreendedor brasileiro ter essas dificuldades e o que falta para essas pessoas conseguirem se manter diante de seus negócios?

Um dos princípios de gerenciamento do meu livro é o que chamo de Gerenciamento de Consistência, que é o desenvolvimento da excelência em qualquer área a partir de dois pilares fundamentais: (1) constância e (2) método. Em resumo, não adianta apenas ser constante no que faz se não entender o processo e as etapas para buscar melhorias. O brasileiro é culturalmente um povo trabalhador, dedicado e persistente em suas empreitadas, tendo o primeiro pilar muito fortalecido. Mas falta estratégia nesse processo, e essa estratégia se conquista com o desenvolvimento de um método.

No caso de empreendedores, muito se ouve sobre como é difícil empreender no ambiente economicamente complexo como o brasileiro, mas pouco se ouve sobre como prosperar neste ambiente (ênfase no ‘como’). Sem esquadrinhar de fato o ambiente e os processos, o empreendedor brasileiro acaba insistindo no que está dando errado, ou altera aleatoriamente (tentativa e erro) a forma de executar seu negócio, sem entender realmente qual seria a melhor forma, e com isso acaba inviabilizando o negócio. Por mais difícil que o ambiente seja, devemos assumir a responsabilidade pela compreensão das estruturas onde estamos atuando, mapear os processos, entender os meandros das leis e das estruturas financeiras que regem o seu negócio, explorar os critérios fiscais e buscar executar melhorias de forma intencional é o que falta para que empreendedores brasileiros se mantenham diante de seus negócios.

Ao lermos seu livro, vemos que cada capítulo é sucessor do último em questão de passo-a-passo para que possa se trabalhar os métodos, com organização por etapas e um dos primeiros é a autoconsciência, pois é nela que tudo começa. Como você definiria essa autoconsciência e para quais públicos você indicaria a apreciação da sua obra?

Pense em uma empreendedora que pretende construir uma fábrica para produzir os seus produtos. Antes de iniciar as obras, é necessário, no mínimo, duas informações (1) quais os recursos ela possui, para definir o tamanho da fábrica que ela poderá construir e (2) qual o potencial de venda do produto que será fabricado, para planejar a entrada de recursos financeiros. A autoconsciência é isso, aplicado ao indivíduo; entender quais são as suas forças, seus recursos atuais para produzir resultados e quais são os potenciais para gerar ainda mais valor no futuro. Ensino como reconhecer suas forças, e ainda como nossos resultados são percebidos pelo mundo que nos cerca e como desenvolver seus potenciais por meio do gerenciamento de perícia e o gerenciamento de circunstâncias.

Os públicos que apreciarão minha obra são empreendedores, líderes e profissionais que buscam retomar o protagonismo de suas próprias vidas para, então, fazer prosperar suas carreiras e seus negócios. Pois, como Sócrates deixou escrito: ‘Nenhum homem pode liderar outros se não aprender a liderar a si mesmo’.

Além de ter referências como Nassim Taleb, Jordan Peterson e Zygmunt Baumann, essa obra está marcando a sua estreia no circuito literário. Quais estão sendo suas expectativas para iniciar nesse novo setor e você pretender continuar expondo seus conhecimentos através dos livros?

As expectativas são as melhores possíveis, visto que julho deste ano, um mês após o lançamento, meu livro foi o 6º mais vendido do Brasil na área de negócios (pela Publishnews), o que me mostrou como a metodologia pode realmente mudar a vida das pessoas, agregando um valor inestimável.

Diante dos resultados e dos bons feedbacks que tenho tido até aqui, tendo sido convidado para ministrar treinamentos (por exemplo, o que fiz há algumas semanas para fundadores de startups no Cubo, em São Paulo), pretendo continuar contribuindo com ainda mais conhecimento estruturado e prático, por meio dos livros e treinamentos estruturados, para agregar cada vez mais na educação voltada para o desenvolvimento de negócios de sucesso no Brasil.

Um dos paradoxos que sustentam a sua narrativa é o de sabermos o que queremos, os resultados que almejamos, porém, não conhecermos as formas de organizar esse trajeto até conquistar o objetivo que planejamos. Apesar de você tentar aplicar a questão da autoconsciência e mudar um pouco o cenário dessas dificuldades, você acredita possam sim o mundo ser propenso a momentos de incertezas ou imprevistos que não necessariamente possam ser culpa do empresário?

Com certeza! Incertezas e imprevistos são a realidade do mundo e lidar com isso é, na verdade, o principal objetivo da metodologia da Autoliderança Antifrágil.

Nassim Taleb, em seu livro A Lógica do Cisne Negro foi quem me abriu os olhos para o ‘problema do cisne negro’. Cisne negro? O que essa ave tem a ver com a história? Bom, por muito tempo os biólogos acreditaram que só existiam cisnes brancos, simplesmente porque nunca haviam encontrado ou catalogado algum de outra cor, até que, no final do século 17, navegadores holandeses, em uma viagem exploratória pela Austrália, deram de cara com uma grande quantidade de cisnes negros em um dos rios por onde passavam. Essa história inspirou Taleb no desenvolvimento de sua teoria. Ele usa o termo para se referir a eventos raros e imprevisíveis que têm o poder de impactar fortemente nossa vida, afinal os imprevistos e o que não podemos controlar estão por toda parte, não temos como prever o futuro.

E aí entra a metodologia da Autoliderança Antifrágil: em vez de desperdiçar energia tentando prever o que vem pela frente, nos estruturamos para estar preparado para lidar seja lá com o que o porvir nos traga. 

O futuro não foi feito para ser previsto, mas para ser construído. Por isso, em um ambiente de incertezas, o posicionamento e a preparação são bem mais valiosos do que a previsão. Não tente antever o que vai cair na prova, prepare-se para ela estudando consistentemente a disciplina. Não busque prever se vai chover, deixe um guarda-chuva no porta-malas do carro. Não tente antecipar onde o equilibrista pode cair (ou se ele vai cair), posicione uma rede de segurança que abranja todos os locais de possibilidade de queda.

Na sinopse do seu livro, você afirma estarmos em um mundo cada vez mais volátil e instável e de tanto nos enrolarmos, acabamos estagnados em nossos próprios caminhos. Qual acredita ser realmente o nível da maturidade necessária para se gerir diferentes tipos de negócios? Todos podem vir a se tornar bons empresários no futuro através do seu livro?

Sem dúvida alguma, todos podem se tornar bons naquilo que realmente querem para sua vida. Digo isso porque, antes de sermos empresários de um negócio, somos empresários de nossas próprias vidas. Desenvolver uma carreira dentro de uma Organização é também empreender, estruturar uma família da mesma forma é empreender. Como proponho em meu livro, seus sonhos, sejam eles de crescer numa carreira ou de ser um empreendedor, precisa ser tratado como um projeto e você precisa ter as ferramentas para se estruturar e organizar sua jornada. Com a metodologia da Autoliderança Antifrágil eu tenho certeza que todos podem fazer seus projetos saírem do papel e alcançarem sucesso naquilo nos quais dedicarem, de forma organizada e estruturada, sua atenção.

Como autor, você propõe a proposta da autoliderança antifrágil como solução e que é baseada em cinco pilares, esses a autoconsciência, autorreflexão, autorresponsabilidade, autoignição e autorregulação. Quais foram os caminhos que o levou especificamente a chegar nesses pontos chaves?

Todo esse arcabouço veio dos conhecimentos adquiridos em minha formação e prática como engenheiro de produção e gestor de projetos. Veja. Na definição do Instituto Internacional de Gerenciamento de Projetos (PMI), ‘projeto é um esforço temporário empreendido para criar um resultado exclusivo’. Ou seja, o que caracteriza um projeto são os mesmos atributos que definem a vida: possui início, meio e fim (esforço temporário) e tem um propósito único (resultado exclusivo).

Deste modo, os 5 As que você citou são baseados nas 5 fases do Gerenciamento de Projetos (são elas: Iniciação, Planejamento, Execução, Monitoramento & Controle e Encerramento). Porque quando estruturamos, organizamos e planejamos a execução o gerenciamento de um megaprojeto, como a construção de uma planta industrial, por exemplo, o que fazemos é justamente pensar em uma estrutura antifrágil em que possamos controlar e limitar ase perdas ao longo do processo e maximizar façam com que os ganhos e benefícios não sejam limitados por um teto.  Pois bem. Os 5 As da Autoliderança Antifrágil proporcionam exatamente isso nos projetos de nossas vidas.

Outra tendência que você aborda em seus trabalhos é o ‘quiet quitting’, um método onde profissionais se limitam a trabalhar somente com as atividades descritas em seu cargo para evitar longas jornadas e impedir o burnout. Durante esse tempo que passamos em pandemia, o home office se tornou ainda mais popular e o autocontrole precisou agir para que os trabalhadores pudessem respeitar seus limites. Além de pedir sua opinião sobre o aumento desse fenômeno nos últimos dois anos (2020 e 2021), como tem sido a recepção desse movimento na visão dos empresários que antes poderiam ser classificados como ‘exploradores’ ou viram seus funcionários se tornarem mais inflexíveis?

Desde a época que nós, homo sapiens, no tornamos agricultores, a correlação ‘produção x tempo de trabalho’ era direta e evidente de entender – quanto mais tempo eu passo trabalhando/plantando mais eu produzo. Veio, então, a revolução industrial, mas ela não foi capaz de mudar essa lógica porque, embora se tenha aumentado à produtividade, a necessidade de produção também aumentou devido, principalmente, ao aumento exponencial da população.

Mas hoje, o mundo mudou completamente. Vivemos em um novo modelo, em que nossos meios de produção são tão eficientes que temos que criar campanhas para vender. Queremos que as pessoas consumam porque somos capazes de produzir em escalas nunca antes vistas.

Então, pela primeira vez na história da humanidade a correlação ‘tempo x produção’ deixou de ser linear. (Exemplo: se eu produzia 1 carro em 1 dia, eu precisava de 10 dias para produzir 10 carros. Hoje somos capazes de produzir milhares de carros por hora).

Todo esse contexto nos mostra que o tempo de trabalho deveria diminuir, mas o que ocorre é que cada vez mais somos exigidos a trabalhar ainda mais, a produzir o tempo todo. E, em minha opinião, é nesse ponto que as organizações vêm falhando.

Esse movimento do ‘quiet quitting’ é, na verdade, uma resposta natural à exigência da produção desenfreada com falta de propósito, aos quais os funcionários são expostos. Ainda há muito que se evoluir por parte das instituições, mas vejo um movimento das empresas em estruturar de forma clara para os colaboradores os limites entre o profissional e o pessoal. Empresas têm notado que respeitar e fomentar as horas de lazer e descanso de seus funcionários podem trazer benefícios como redução do absenteísmo, aumento da produtividade e colaboradores com maior sentimento de satisfação e senso de propósito.

Em resumo, em minha análise, o aumento da produtividade forneceu tempo às empresas, e esse tempo não deveria ser apenas utilizado para produzir cada vez mais, como é hoje (apenas com propósito de consumo desenfreado), mas sim para se humanizarem cada vez mais, criando um ambiente onde trabalho e vida pessoal possam coexistir harmonicamente.

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O post Victor de Almeida Moreira expõe metodologia de (Auto)liderança Antifrágil e melhora de relações comerciais Observatório dos Famosos.

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