Isabel Teixeira dirige Regina Braga no teatro: “É uma honra”

Desde o início deste mês de agosto, Com direção de, o espetáculo revela histórias encantadoras garimpadas ao longo de anos, sobre uma cidade que assusta, desafia, acolhe, estimula e sempre surpreende. A veterana atriz divide o palco com um grupo de músicos e atores formado por Xeina Barros (voz e percussão), Alfredo Castro (voz e percussão), Vitor Casagrande / Maik Oliveira (voz, cavaquinho e bandolim) e Gustavo de Medeiros / Guilherme Girardi (voz e violão). Com sua belíssima voz, Regina traz à tona versos, contos e melodias que mostram uma cidade única, contraditória, misteriosa e muito divertida.

. “Tudo começou quando eu li o livro ‘A Capital da Solidão’, de Roberto Pompeu de Toledo. Na época, eu fiquei encantada. Achei fortíssimo ler sobre São Paulo ser a capital da solidão. A partir dali comecei a pesquisar a história, sobre o ciclo do café, imigração, o crescimento da cidade e quando percebi eu tinha muito material em mãos. Eu tinha praticamente uma tese”, relembrou Regina.

Foi aí que ela se encontrou com uma amiga de anos, Isabel Teixeira. As duas mantêm uma amizade de muitos anos: “Quando conheci a Bel, ela era uma mocinha. Nossas vidas foram se entrelaçando e chegamos a fazer grandes parcerias. Quando contei para ela sobre minha ideia para a peça ‘São Paulo’ fomos tendo uma luz de ideias e tudo foi acontecendo.”

ISABEL TEIXEIRA NA DIREÇÃO DE ‘SÃO PAULO’

Mesmo com na trama, conversou com a reportagem de OFuxico para falar a respeito da direção do espetáculo “São Paulo”. Confira:

OFuxico: Regina Braga nos contou sobre a amizade de anos com você e sobre como vocês duas já trabalharam em outras produções. Poderia nos contar sobre o carinho que tem pela atriz veterana?
Isabel Teixeira: Eu conheci a Regina em 2006, nós fazíamos um espetáculo juntas. Foi um ano muito significativo na minha vida. Eu perdi minha mãe na época e ela me deu um suporte emocional de amiga mesmo. Foi muito parceira. Eu conto com ela e ela sabe que pode sempre contar comigo. Ela me ensina muito. Ela fala com o coração e ela sabe produzir para o coração dela falar. É uma honra para mim estar com a Regina em trabalhos. Ela tem prazer e devoção pelo trabalho que ela faz! Enfim, a partir dessa amizade, ela começou a me chamar para fazer uma assistência de direção num espetáculo com Zélia Duncan, chamado “TôTatiando”. Era algo maravilhoso. Zélia, acompanhada de dois músicos, canta músicas de Luiz Tatit. Esse espetáculo, inclusive, virou um DVD e o roteiro foi feito pelas duas. Oficialmente era a primeira direção da Regina, mas ela é uma atriz-diretora. Ela é uma atriz com uma compreensão, que abrange o texto, a palavra, o palco, esse conhecimento mais amplo! A música…esse bordar do roteiro que mescla poema, com canções, com a dramaturgia…Isso é uma coisa que percorreu os trabalhos que fomos fazendo juntas. Ela é uma atriz autoral. A primeira peça que eu dirigi a Regina como atriz foi “Desarticulações”, que era um espetáculo solo, num texto de Silvia Molloy. E ali já tinha um diálogo com a canção com a música, que acontece também na peça “São Paulo”. Isso está muito presente na vida e nas produções da Regina. E é uma relação muito bonita. Depois, fizemos uma parceria com a peça “Agora eu vou ficar bonita”, com roteiro dela e do Drauzio Varella. E ela contracenava com o cantor e ator Celso Sim, com os músicos que estão conosco até hoje. Não só os músicos, desde lá temos uma equipe sempre presente. Quando ela me falou do espetáculo “São Paulo”, ela já tinha uma pesquisa profunda do assunto e já havia tudo imaginado na cabeça dela. E o nosso trabalho foi o de ver a dramaturgia e ir costurando tudo.

OFuxico: Como surgiu a ideia de juntar o samba com a atuação no espetáculo?
Isabel Teixeira: Essa ideia do samba é um jeito da Regina de trabalhar. Isso nasce do verdadeiro coração de uma atriz que quer estar em cena declamando e atuando no palco. Essa relação música-palavra está sempre presente na vida dela. Ela ama o samba. Ela tem um repertório riquíssimo que ela sabe cantar. É uma cantora que interpreta. Ela tem repertório, tem vocal para cantar.

OFuxico: Como foi o processo das escolhas das músicas? Várias ficaram de fora?
Isabel Teixeira: Sim. Muitas músicas foram deixadas de fora, por conta do trabalho de edição. A Regina tem um grande repertório e ela mesma já fez uma pré-seleção, porque ela tem um conhecimento amplo, a partir do roteiro que ela teve na cabeça. Nós fomos organizando as ideias a partir do roteiro. Além disso, a partir do momento em que os músicos entraram na sala de ensaio, eles também puderam interferir nas escolhas. Foi um trabalho muito rico.

OFuxico: São Paulo contém muitas histórias e curiosidades. Como vocês duas chegaram nas escolhas das que são apresentadas na peça?
Isabel Teixeira: Meu trabalho de direção com a Regina é de escuta apurada. Ela vai contando e eu vejo o que pulsa mais. O que pulsa é sempre o que ela conta com mais paixão. E ela sentia tanta paixão pelo material sobre São Paulo que ela tinha que não tinha como não se apaixonar. E eu fui apontando o caminho e nós fomos pensando juntas.

OFuxico: Não há quem não saia da sala do teatro sem ser impactado com a sensibilidade da peça. O que te fez acreditar e apostar no projeto?
Isabel Teixeira: É uma satisfação tão grande ao saber que as pessoas estão saindo impactadas, sensibilizadas. O teatro é isso. A Regina fala com o coração e contamina todo mundo. Não tem como! Função primordial do teatro. Tem uma outra coisa interessante de contar que o espetáculo é uma roda de samba, em torno de uma mesa, que nos lembra as rodas de samba dos bares. É tão bonito isso! Quando nós fomos criar o espetáculo…a casa da Regina é um lugar gostoso de estar e estávamos numa mesa, montando o roteiro. Era algo tão rico. Eu achava isso tão bom e teve um dia em que eu estava ouvindo um rascunho de roteiro e eu me senti sortuda, vendo aqueles músicos maravilhosos…e imediatamente eu falei: ‘a peça acontece aqui’. Eu transpus uma cópia da casa dela no palco e o público é convidado a ver isso no teatro. É intimista.

OFuxico: O grupo musical, que se apresenta no palco, é um primor. Você já tinha trabalhado com eles?
Isabel Teixeira: Sim. Já tinha trabalhado. Eles são uma turma rica no cenário paulista de samba. Eles todos já se conheciam. São pessoas muito conectadas entre si.

SERVIÇO:
São Paulo, com Regina Braga
Teatro Itália Bandeirantes Ed. Itália, Avenida Ipiranga, 344, República, São Paulo
Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 19h.
Inteira R$ 90 (inteira) e R$45 (meia-entrada)
Horários da bilheteria: de quarta a sábado, das 13h às 21h. Domingos, das 13h às 19h
Vendas online: https://teatroitalia.byinti.com
Duração: 90 minutos
Classificação: livre
Capacidade: 276 lugares
Acesso para pessoas com mobilidade reduzida
Recomenda-se o uso de máscara durante todo o espetáculo.
Estacionamento com manobrista na porta do Edifício Itália: R$ 27 (preço único)

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