Traduzindo experiências de relações tóxicas e amores proibidos, HENRI se abre para reflexões em novo single
A sonoridade climática e etérea de ganha um novo capítulo com o single e clipe ‘Secreto Amor’. Projeto solo do músico paulista Thiago Henrique Vasques – conhecido por projetos como o duo de indie pop Carpechill e a banda psicodélica Corte Aberto -, a identidade desta nova faceta artística está sendo construída com canções e vídeos intensos. ‘Secreto Amor’ se une à já revelada ‘Coração de Plástico’, primeiro gostinho dessa próxima fase.
O novo single aprofunda as camadas sonoras que HENRI vem desenvolvendo ao lado do produtor Joe Irente (Melt Motif, Dolphinkids). O minimalismo de Billie Eilish ecoa do melodrama de Serge Gainsbourg aos versos cortantes de Linn da Quebrada, em uma sonoridade intimista que quase revela segredos. Essa sensação é ampliada pelo spoken word em alguns momentos da canção, com o suspense e o noir guiando o clipe – dirigido por Leonardo Ramires – e o trompete levando a faixa por caminhos mais sofisticados.
O clipe acabou surgindo organicamente durante a sessão de fotos para a divulgação dessa nova música. O vídeo acompanha dois alter egos de HENRI, um sofrendo e bebendo para afogar as mágoas e o outro um fantasma, que representa o ego perdido, causado pelo sumiço da pessoa amada. HENRI vai tentando se afogar na bebida e no cigarro para esquecer seus problemas nessa casa assombrada, mas em contraponto surge a outra versão, que aparece perambulando já perdido e morto. Confira a entrevista!
Marcado por uma sonoridade que combina clima como eterea, você está iniciando mais um capítulo de sua carreira a partir de ‘Secreto Amor’. Como definiria o seu trabalho no momento atual?
Secreto Amor é uma pitada do que vem por aí, tem a elegância que o disco carrega, e aborda um tema que é central dentro do álbum: relacionamentos complexos. Sobre o meu momento, acredito que esse disco vem pra mostrar meu potencial como artista pop, e trazer pro público a minha versatilidade dentro desse universo que eu proponho.
Durante a sua carreira, você já passou por experiência grandes como foram o duo indie pop Carpechill e a banda Corte Aberto. Como esses dois projetos colaboraram para quem você é hoje?
O Carpechill foi a minha escola, surgiu bem quando mudei para São Paulo em 2016, um duo de indie pop com meu melhor amigo, Rafael Marea, também produtor musical do projeto. De forma despretensiosa acabamos por fazer um disco no mood bedroom pop e quando lançamos a faixa título do álbum foi pra uma playlist oficial do spotify, isso nos motivou a continuar o projeto e terminamos por fazer clipe que acabou indo pra MTV, então foi um aprendizado de como se profissionalizar, sabe? Nunca tive contato antes com as burocracias do mundo da música, o Carpechill me deu esse ensinamento, hoje o projeto encontra-se congelado pois o Rafa foi morar em Portugal, quem sabe um dia não voltamos a produzir, né? hahaha tá em aberto. O Corte Aberto veio um pouco antes da pandemia, foi a realização do sonho adolescente de ter uma banda de rock que funciona hahaha inclusive gravamos nosso primeiro EP no estúdio Costella com o Chuck Hipolitho, foi demais! achei que ia ser uma coisa momentânea mas a banda está na ativa até hoje, a sonoridade mudou demais, amadurecemos como artistas dentro da banda, e eu tenho muita honra de tocar com eles que são excelentes músicos, nosso show é uma pancada poderosa, é um lugar diferente pra eu extravasar como cantor e compositor.
O seu recém lançado single ‘Secreto Amor’ deu uma continuação a ‘Coração de Plástico ‘. Como o enredo do seu projeto acabou entre uma faixa e outra e qual mensagem deseja passar com sua música?
Eu to me explorando, sabe? Vendo o que a galera pode gostar mais, meu primeiro single Coração de Plástico tem uma pegada disco-indie, e Secreto Amor é totalmente etérea, noir, misteriosa, o momento é de experimentar, por isso já quis trazer de cara dois singles com pegadas totalmente diferentes, uma é animada e outra é lenta e romântica. Ambas são letras que falam de relacionamentos conturbados, a mensagem é trazer ao debate as relações pós-modernas, como a gente está lidando com nossas emoções dentro dessa era do excesso de informações, tentações, as relações digitais, ansiedade. Acho que falar de amor hoje em dia mudou muito relacionado ao passado, tem muito tabu e muita coisa nova pra se racionalizar sobre.
Um detalhe bastante rico observado em suas músicas é justamente a unificação de diversas referências musicais musicais, tais como o minimalismo de Billie Elilsh que por sua vez ecoa para o melodrama de Serge Gainsbourg, tudo em uma sonoridade intimista. Como costuma funcionar o seu processo de composição e qual o segredo para conseguir centralizar tantas conexões em poucos minutos de áudio?
Nesse meu primeiro disco eu mudei um pouco o processo de composição, geralmente eu sou o cara que pega o violão, faz uma base, cria uma letra, faz as coisas meio que juntas, só que dessa vez trabalhando com o Joe, que tem uma pegada eletrônica muito forte, as batidas às vezes vinham primeiro, e eu precisava contar a história em cima das demos enviadas por ele, mas também teve caso que eu fiz as demos na minha casa, mandei pra ele e ele produziu em cima, como por exemplo Coração de Plástico, é uma música que eu tinha feito anos atrás, tava esquecida porém praticamente pronta, com letra definida e tudo, resgatamos essa track que tinha uma pegada mais indie rock, e o Joe levou mais pro pop eletrônico, então os processos variaram de acordo com a track.
A respeito do enredo abordado pela música, o seu principal tema são os relacionamentos problemáticos, onde o amor acaba levando a algo tóxico. De onde veio a ideia e a necessidade de se abordar um tema tão delicado na música?
Foi algo natural. Eu já fui mocinho e o bad guy hahaha e quando eu decidi começar a escrever pra esse disco, pela primeira vez eu quis misturar minhas vivências com a de outras pessoas, geralmente eu compunha só sobre o que eu vivia, mas quando entendi que esse disco ia falar sobre relacionamentos, eu absorvi outras histórias, de amigos, conhecidos, afinal é um tema discutido por todo mundo, acho que todo mundo já passou por alguma coisa complicada ou maravilhosa dentro de um relacionamento, a idéia é que fosse algo de fácil identificação, eu sempre me cobrei muito com as letras, e dessa vez, eu quis escrever de forma simples e objetiva, sobre algo que todo mundo fosse se identificar instantaneamente. Mas no final, eu acabei vendo que o tema era mais relevante do que parecia, não é só sobre dor de corno, ou amor e paixão, tem muitas camadas, muita coisa pra trabalhar dentro dessa temática, o meu disco passeia nas maravilhas e nas ruínas de se relacionar, inclusive a ordem das tracks eu pensei como o ciclo de um relacionamento: conhecer alguém/transar/se apaixonar/se comprometer/terminar o relacionamento tóxico/se perder/ter crises existenciais/conhecer alguém de novo, ou seja, 8 etapas 8 faixas, o disco é basicamente isso.
Acompanhando seus alter-egos, o videoclipe oficial da música veio de uma forma orgânica e mostra uma pessoa bebendo para conseguir afogar as mágoas e de um outro lado, um fantasma que representa o ego perdido. Como foi o processo de produção e roteiro do vídeo? Acredita que o impacto visual poderá reforçar um alerta para o público sobre esses relacionamentos?
O clipe foi espontâneo mesmo, diferente de Coração de Plástico que teve uma super produção, Secreto Amor foi inspirada no minimalismo da música, tanto que era pra ser um visualizer, mas a gente gostou tanto dos insights que tivemos no dia da gravação e da direção de fotografia do Leonardo Ramires, que virou clipe hahaha mas viemos pro set pra tirar as fotos já sabendo que história iamos contar ali, e eu acredito demais no visual, eu trabalho com audiovisual paralelo a música inclusive, ele reforça o que tá sendo dito, e em muitos casos, agrega e melhora a mensagem. O caso de Secreto Amor é um personagem em clima nostálgico, bem canastrão dos anos 70 junto com a atmosfera da assombração na casa, se você ouvir a música entende que isso reflete basicamente o instrumental dela. Mostrar a decadência também é um grande ponto, tão importante quanto passar a mensagem de não se deixar perder por alguém que não te quer, é fazer as pessoas entenderem que NÃO é legal dar perdido nos outros e ser irresponsável emocionalmente com alguém, saca? Espero que a junção de tudo isso passe essa mensagem.
Gravado durante a pandemia, o EP de estreia ‘Músicas de Gaveta’ contou com a mixagem de Joe Irente e que atualmente está participando da produção de ‘Outro Planeta’ que será lançado em breve. Como estão suas expectativas para esse lançamento?
Tô muuuuito empolgado, estamos há 2 anos produzindo ‘Outro Planeta’, é um disco ousado demais, ele viaja de Primal Scream a Jessie Ware, de Daft Punk a Robyn, guitarrada de Talking Heads, meio brega anos 80, vibe Alpha FM, uma doidera hahaha minha proposta desde que firmei a produção com o Joe foi se divertir, deixar pra trás um pouco as cargas emotivas que vinha trazendo desde então nas minhas composições, isso não significa que no disco só vai ter música divertida, mas no sentido de que foi feito tudo com tanta leveza, que ao final é um disco experimental por conta da permissibilidade na produção, não foi fácil mas conseguimos nos livrar das amarras.
Começou pensado para ser indie pop, mas por conta do Joe acabou tendo uma pegada eletrônica muito forte, e de final para balancear com o digital, inserimos elementos orgânicos como Naipe de metais e Backing Vocals para algumas faixas, e isso elevou o nível da produção. Foi gratificante demais juntar músicos incríveis pra fazer isso acontecer, é uma dança entre timbres digitais e timbres analogicos. A idéia de se chamar Outro Planeta também vem disso, da mistura dos elementos soarem como algo de um outro lugar, um lugar desconhecido, mas além disso também faz referência a track que abre os caminhos do disco que se chama ‘Explosão de Outro Planeta’, fica aí o Spoiler hahaha
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